Nossas abelhas

Nossas abelhas

Nossas abelhas

Introdução às abelhas nativas sem ferrão
As abelhas sem ferrão desempenham um papel fundamental na manutenção da biodiversidade nos trópicos, sendo responsáveis pela polinização de cerca de 80% das espécies de plantas tropicais [34]. Os ecossistemas brasileiros abrigam cerca de 5.000 espécies de abelhas nativas, o que representa quase 20% da diversidade de abelhas do mundo [35].
O termo abelha sem ferrão se deve ao fato de apresentarem ferrão atrofiado, o que as torna incapazes de ferroar. Essas características abrangem todas as espécies descritas no Brasil, também conhecidas como abelhas indígenas, pois sua domesticação e classificação advêm de culturas indígenas. (BUENO, 2010).
Cerca de 550 espécies de abelhas sem ferrão, pertencentes a aproximadamente 58 gêneros, foram descritas, o que torna as abelhas sem ferrão (Meliponini) o maior e mais diverso grupo de abelhas corbiculadas. Em comparação, existem aproximadamente 11 espécies de abelhas melíferas, aproximadamente 250 espécies de mamangabas e aproximadamente 200–250 espécies de abelhas-das-orquídeas (Michener 2007; Danforth et al. 2013; Ascher e Pickering 2018).
Distribuição e diversidade de abelhas sem ferrão
As abelhas sem ferrão são encontradas na maior parte das regiões tropicais e subtropicais do mundo, como Austrália, África, Sudeste Asiático e em algumas partes da América do Sul (México, Brasil, Peru, Venezuela, Paraguai, Bolívia e Costa Rica) (Camargo e Pedro, 2012).
Análises filogenéticas confirmam uma divisão principal em três grupos diferentes que divergiram em um estágio inicial na história evolutiva dos Meliponini: as linhagens Afrotropical, Indo-Malaia/Australásia e Neotropical (Rasmussen e Cameron 2010).
Livro n.º 1, Capítulo 1 - Diversidade global de abelhas sem ferrão. O tamanho das áreas é proporcional ao número de espécies em cada gênero (Total: ≈550 espécies descritas)

Livro n°1 Capítulo 2 – Atualidade – Diversidade e Distribuição

Foi relatado que as abelhas sem ferrão habitam a Terra há mais tempo do que as abelhas europeias, desde 65 milhões de anos atrás. As abelhas sem ferrão eram as principais polinizadoras de plantas no continente americano antes da introdução das abelhas vindas da Europa.
Os maias incorporaram a meliponicultura em suas atividades sociais, econômicas e religiosas (p. ex., Cortopassi-Laurino et al., 2006). O mel e o cerume eram usados no comércio com os astecas e como forma de pagar impostos aos conquistadores espanhóis no século XVI (p. ex., Quezada-Euán, 2018).
Amazomel: A meliponicultura é uma fonte de renda alternativa, sustentável e regenerativa à pecuária, à exploração madeireira ou à monocultura intensiva, prevenindo o desmatamento. Amazomel: As abelhas nativas sem ferrão são espécies-chave nos ecossistemas locais e, portanto, preservam suas funções e serviços ecológicos.
Durante o forrageamento, as abelhas sem ferrão coletam pólen, néctar, óleos, água, resinas, lama e partículas de areia. A maioria das espécies de abelhas sem ferrão se comunica entre si em locais de fontes de forrageio secretando feromônios (Michener, 2013).
À noite, as operárias de guarda se recolhem ao ninho e usam própolis para fechar as entradas. Esse comportamento impede que formigas, besouros e outros animais entrem no ninho.
As abelhas sem ferrão coletam diversos materiais para construir suas estruturas, como ninhos, potes de mel e a construção da entrada da colônia. Esse material coletado pelas abelhas pode ser transformado em cera pela combinação de resinas ou seiva de árvores, chamada cerúmen. O gênero Melipona utiliza argila misturada com resina de árvores para construir sua entrada, chamada geoprópolis (NOGUEIRA-NETO, 1997).
História e Origem das Abelhas Sem Ferrão
Comportamento das abelhas sem ferrão



ESPÉCIES
O Brasil é o país com o maior número de espécies de Meliponini registradas, com aproximadamente 240 espécies válidas (PedRo 2014; asCheR & PiCkeRing 2022). A região Norte possui quase o dobro de espécies (n = 197, totalizando 39,47%) em comparação com a região Centro-Oeste (n = 99).
1º Amazonas (n=128)
2º Pará (n=119)
3ª Rondônia (n=82)
GÊNERO
1º Gênero:
Melipona Illiger (1806):
40 espécies
2º Gênero:
Plebeia Schwarz (1938):
17 espécies
3º Gênero:
Scaptotrigona Moure (1942):
16 espécies
OCORRÊNCIA
Desde o último levantamento de espécies ocorrentes especificamente no Brasil (2014), 59 novas espécies de abelhas sem ferrão foram descritas para a região Neotropical, 16 delas com registros de ocorrência para o Brasil.
O Caso do Brasil
3º Estudo - Número de espécies válidas de abelhas sem ferrão no Brasil
Contribuições das Abelhas para os ODS
Com base em Patel et al., 2020
Meta 1.1: A criação de abelhas proporciona oportunidades de diversidade de rendimentos
Meta 1.4: A apicultura pode proporcionar igualdade de acesso aos recursos económicos e naturais tanto para homens como para mulheres
Meta 1.5: A apicultura pode resultar em melhorias nos meios de subsistência dos pequenos agricultores através do aumento da produtividade agrícola e de uma fonte de rendimento adicional, ajudando a construir meios de subsistência resilientes para pessoas pobres e vulneráveis.

Meta 2.2: Aumento do valor nutricional de frutas, vegetais e sementes
Meta 2.3: melhorar o rendimento de algumas culturas

Meta 3.4: Produtos apícolas possuem compostos bioativos fortes
Meta 3.8: mel, pólen de abelha, própolis, cera de abelha e veneno de abelha têm sido usados na medicina tradicional e moderna (atividades antimicrobianas, anti-inflamatórias e antioxidantes)
Meta 3.9: A polinização por abelhas contribui potencialmente para o crescimento e a diversidade de plantas importantes para a melhoria da qualidade do ar

Meta 4.3 e 4.4: a educação e a formação profissional em apicultura podem aumentar a igualdade de oportunidades de emprego e empreendedorismo entre homens, mulheres e povos indígenas (com conhecimentos tradicionais)
Meta 4.5: educação para todos, incluindo povos indígenas, e sem desigualdade de gênero

Meta 5.5: a criação de abelhas como passatempo ou o envolvimento na apicultura pode aumentar as oportunidades de envolvimento das mulheres nos processos de tomada de decisões económicas, sociais e políticas, mesmo em comunidades que privam as mulheres dos direitos de propriedade (5.5, 5.a)

Meta 6.6: A biodiversidade encontrada nas florestas, sustentada pelas abelhas, fornece uma gama crítica de serviços ecossistêmicos, incluindo a regulação do ciclo hidrológico. A polinização por abelhas pode contribuir para o crescimento e a diversidade em ecossistemas relacionados à água. Esforços adequados de reflorestamento podem fornecer novos recursos para as operações comerciais de abelhas, ao mesmo tempo que contribuem potencialmente para o abastecimento regional de água.

Meta 7.2: A polinização por abelhas melhora a produção de culturas de oleaginosas utilizadas como biocombustíveis, como girassol, canola e colza

Meta 8.1: A apicultura permite a diversificação dos meios de subsistência, o que contribui diretamente para o aumento da renda per capita e familiar. Além disso, a melhoria da produção agrícola a partir da polinização por abelhas pode contribuir para o PIB das nações.
Meta 8.6: a educação em apicultura promove oportunidades económicas e diversificação para o emprego e o empreendedorismo
Meta 8.9: A apicultura proporciona oportunidades adicionais de subsistência através do aumento das atividades de turismo baseado na natureza

Meta 9.b: As abelhas contribuíram para a indústria, a inovação e a infraestrutura, inspirando o design e o desenvolvimento de uma série de estruturas, dispositivos e algoritmos que podem beneficiar o desenvolvimento sustentável (estrutura em favo de mel das colmeias para engenharia estrutural, anatomia das abelhas para a indústria médica, agulhas cirúrgicas, …)

Meta 10.1: a apicultura permite melhores oportunidades fiscais (turismo) e crescimento sustentado dos rendimentos para os grupos de rendimentos mais baixos e para as pessoas nas zonas rurais
Meta 10.2: A apicultura pode, portanto, contribuir para a promoção do desenvolvimento social, económico e institucional inclusivo, independentemente do estatuto social e económico.

Meta 11.6: As abelhas podem ser úteis na monitorização da qualidade do ar em áreas urbanas, uma vez que a polinização da flora urbana pode contribuir para a melhoria da qualidade do ar local.
Meta 11.7: Plantar espécies floríferas esteticamente agradáveis e atraentes para as abelhas no planejamento paisagístico pode fornecer forragem para as abelhas, e a proximidade pode resultar em recompensas de polinização para árvores e outras espécies em espaços verdes públicos e jardins urbanos.

Meta 12.3: A polinização por abelhas pode contribuir para a redução do desperdício alimentar, melhorando a estética visual dos alimentos (forma, tamanho e cor) e aumentando o prazo de validade.
Meta 12.b: A apicultura pode ser comercializada como turismo sustentável para o desenvolvimento regional

Meta 13.2: A biodiversidade encontrada nas florestas, sustentada pelas abelhas, fornece uma gama crítica de serviços ecossistémicos, incluindo o sequestro de carbono
Meta 13.3: A utilização de abelhas e produtos apícolas para monitorização ambiental pode melhorar a compreensão dos impactos climáticos no ambiente (como bioindicador)

Meta 14.4: As abelhas podem contribuir potencialmente para a melhoria da produção de fontes vegetais de compostos comumente encontrados em peixes. A sobrepesca pode ser controlada promovendo a produção e o consumo de fontes alternativas de nutrientes vegetais, que são fortemente afetadas pela polinização das abelhas.

Meta 15.1: a apicultura dentro dos limites florestais pode apoiar a conservação florestal
Meta 15.5: As abelhas contribuem para a biodiversidade polinizando árvores e plantas com flores
Meta 15.9: A incorporação da apicultura (e a compreensão da preferência, adequação e mobilidade das abelhas em termos de forragem entre diferentes tipos de habitat) nos processos de planeamento local pode apoiar atividades de reflorestação que podem ser cruciais para a conceção de paisagens rurais sustentáveis e para a redução da pobreza.

Fontes
Chidi & Odo, 2017 – Meliponicultura para economia sustentável (1º Estudo)
Rozman et al., 2022 – Uma revisão abrangente de produtos de abelhas sem ferrão (2º estudo)
Nogueira, 2023 – Panorama das Abelhas Sem Ferrão no Brasil (3º Estudo)
Ramalho, 2004 – Abelhas sem ferrão e árvores com floração em massa no dossel da Mata Atlântica: uma relação estreita (4º Estudo)
Toledo-Hernandez et al., 2022 – As abelhas sem ferrão (Hymenoptera: Apidae: Meliponi): uma revisão das ameaças atuais à sua sobrevivência (5º Estudo)
Athayde, Stepp & Ballester, 2016 – Engajando o conhecimento indígena e acadêmico sobre abelhas na Amazônia: implicações para a gestão ambiental e a pesquisa transdisciplinar (6º Estudo)
De Sousa Silva et al., 2023 – Aspectos socioeconômicos dos meliponicultores na Amazônia: desafios para a criação efetiva de abelhas sem ferrão visando a manutenção dos serviços ambientais e ecossistêmicos (7º Estudo)
Da Costa et al., 2021 – Meliponicultura no Amazonas: Desafios para a manutenção dos serviços ambientais, sustentabilidade e bem-estar das comunidades rurais (8º Estudo)
De Souza Oliveira, 2020 – Etnobiologia das Abelhas Nativas do Brasil nas Etnias Kaiabi, Kayapó, Xavante e Guarani (9º Estudo)
De Andrade, 2014 – Caracterização de Morfologia Floral de Espécies Visitadas por Meliponas de Criação em Parintins, Estado do Amazonas (10º Estudo)
Patel et al., 2020 – Por que as abelhas são essenciais para alcançar o desenvolvimento sustentável (11º Estudo)
Khan, 2023 – Revisão do papel das abelhas como engenheiras de ecossistemas na natureza
Grüter, 2020 – Abelhas sem ferrão – seu comportamento, ecologia e evolução (livro)
Ayala, Gonzalez e Engel, 2013 – Pot-Honey – Um legado de abelhas sem ferrão (Livro 2) – Capítulo Abelhas sem ferrão mexicanas (Hymenoptera: Apidae): Diversidade, distribuição e conhecimento indígena
Blog Tetra Native Bee – Mel de abelha nativa sem ferrão vs. Manuka: uma comparação completa, 14/02/2024
Instituto Peabiru, 2015 – Amazônia, polinização e o Instituto Peabiru – Um breve olhar sobre a Amazônia e seus desafios socioambientais
'Melipona scutellaris' © 2025 por Jessica Maccaro, aluna de doutorado e macrofotógrafa, aluna de doutorado da Universidade do Sul da Califórnia em Riverside